segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Ana Odila de Paiva Souza: Prioridade ao passageiro

Folha de São Paulo - Tend~encias e Debates

A cidade de São Paulo vive momentos únicos que apontam para novos e melhores caminhos. A mobilidade urbana passou a integrar a agenda social junto a áreas como saúde e educação.
A implementação do Bilhete Único Mensal, por exemplo, proporciona a integração dos ônibus, trens e metrôs com viagens ilimitadas por um período de 31 dias. É marca do comprometimento da administração municipal com os usuários do transporte público coletivo.
A prefeitura, por meio da Secretaria de Transportes, implantou, em um ano, 300 quilômetros de faixas exclusivas. É o dobro do previsto para os quatro anos de governo. Também teve início a revitalização semafórica de 4.800 cruzamentos.
A partir de 2014, virá a construção de 150 quilômetros de corredores exclusivos, à esquerda das vias, dotados de moderna tecnologia via GPS para controlar o fluxo dos ônibus. Já estamos promovendo melhorias com a requalificação dos corredores Inajar de Souza e Nove de Julho.
São várias iniciativas que, pelo impacto que provocam, também podem levantar interpretações passíveis de debate. É o caso das considerações publicadas neste espaço por militantes do Movimento Passe Livre ("Quem se beneficia?", 9/12).
Nossos esforços são direcionados aos passageiros. É o caso da reorganização de linhas, um processo contínuo que consiste na intensificação do uso de veículos menores nos bairros até os terminais de transferência. Deste ponto, com carros maiores, em geral por vias exclusivas, seguem em direção ao centro ou regiões de grande concentração populacional. As alterações são monitoradas. Quando há necessidade, promovemos reajustes com o intuito de gerar economia de tempo nos trajetos.
A ideia é criar uma rede operacional. Em algumas ocasiões, encontramos dificuldade de assimilação dessa nova lógica pelas empresas que executam o serviço. Temos deixado claro que, nessa relação, o estabelecimento dos percursos é uma exclusividade do poder público, sempre no sentido de atender a população.
Outra questão básica é a forma de financiamento do complexo. Para contribuir nesse debate, está em andamento a escolha de uma auditoria que deverá apontar alternativas que poderemos adotar na futura licitação para a operação do serviço. Esse trabalho deverá, ainda, contemplar a efetividade do cumprimento de horários e o atendimento da demanda.
Está inserida nessa discussão a municipalização da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, a Cide –medida defendida pelo prefeito Fernando Haddad. Por esse mecanismo, um percentual da venda de combustíveis poderia ser utilizado no transporte público para a redução da tarifa.
Para o passageiro e todos os interessados, ampliamos os fóruns de transparência e participação, por meio do Conselho Municipal de Transporte e Trânsito. Recebemos as reclamações e punimos empresas por descumprimento de contrato. Em 2013, houve o descredenciamento de duas delas por esse motivo.
Valorizamos os espaços de diálogo. Estamos abertos aos debates, inclusive sobre a gratuidade da passagem. É preciso que argumentos sejam apresentados e sua execução demonstrada. Só assim iremos para além dos discursos.
ANA ODILA DE PAIVA SOUZA, 60, é diretora de Planejamento da São Paulo Transportes, empresa de economia mista da Secretaria municipal de Transportes

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