segunda-feira, 11 de julho de 2016

Nove pessoas são denunciadas pela compra de trens sem uso em SP

Segundo investigações, os 26 trens foram comprados por R$ 615 milhões. Sergio Avelleda, presidente do Metrô na época, está entre os denunciados.


Walace LaraSão Paulo, SP










O Ministério Público de São Paulo denunciou nove pessoas pela compra de trens que deveriam ser usados pelo Metrô na gestão Geraldo Alckmin, do PSDB. O problema é que os trens estão parados, envelhecendo, e ficando sem garantia. Para o promotor, isso configura improbidade administrativa.

Trens novinhos parados em pátios do Metrô de São Paulo e no terreno da fabricante, a Caf, em Hortolândia, no interior do estado. Segundo as investigações, os 26 trens foram comprados por R$ 615 milhões. Dezesseis já foram entregues e dez estão na fabricante, a espera de um local para serem guardados. Na denúncia de improbidade administrativa, o promotor disse que "os trens estão abandonados e que foram vandalizados."
“Esses trens já estão parados há dois anos, já estão perdendo a garantia. Tudo que está colocado naquele trem, principalmente em questão de eletrônica, de funcionamento não vai ter utilidade, perdeu a utilidade”, explica o promotor de Justiça, Marcelo Milani.
Os trens foram comprados para a Linha 5-Lilás, que tem sete estações e ainda está em expansão. Ela vai ligar o extremo da Zona Sul com outras duas linhas que levam até o Centro de São Paulo.
O problema é que as obras de expansão atrasaram. Em 2010, o governo de São Paulo determinou a paralisação das licitações depois de denúncias de irregularidades no processo. Mesmo com as obras paradas, no ano seguinte, o governo comprou os trens.
Sergio Avelleda, presidente do Metrô na época, e outras oito pessoas foram denunciadas. Entre elas o ex-secretário de Transportes Metropolitanos de São Paulo, Jurandir Fernandes e o atual secretário, Clodoaldo Pelissioni. As obras de expansão acabaram retomadas ainda em 2011, mas a previsão inicial de entrega passou de 2014 para 2018.
A investigação apontou ainda que os trens novos têm bitolas, que é a distância entre os trilhos, de 1,372 milímetros. No entanto, o promotor afirma que já existe um trecho da Linha 5-Lilás com trens com bitolas maiores.
“Ou seja, os trens que ali estão, eles não têm a mesma capacidade, tem que ser trocados no curso da mesma linha. Sem contar que tem sistema de operação completamente diferentes por isso também os agentes públicos estão sendo responsabilizados”, fala o promotor.

As assessorias do governo de São Paulo, do PSDB, e do secretário de Transportes Metropolitanos Clodoaldo Pelissioni, disseram que quem fala sobre a denúncia do Ministério Público é o Metrô.
O ex-secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, disse que vai se inteirar do caso para prestar todos esclarecimentos necessários.
O ex-presidente do Metrô, Sergio Avelleda, disse que desconhece o teor da ação e que esse contrato não foi assinado por ele.
A fabricante dos trens, a Caf Brasil, disse que não comenta contratos em andamento em razão das cláusulas de confidencialidade.

O presidente do Metrô, Paulo Menezes Figueiredo, um dos denunciados, falou sobre as acusações do Ministério Público. Assista no vídeo acima.

CORREÇÃO
Na reportagem, o Jornal Hoje disse que a distância entre os trilhos na Linha 5-Lilás é de 1,3 milímetro porque era assim que estava escrito no documento do Ministério Público. Mas na verdade, a distância é de 1,30 metro
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