quarta-feira, 3 de junho de 2015

Folha “força a barra”, mas empréstimo a Cuba é operação normal. O resto é só ódio e burrice

Tijolaço

Fernando Brito

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E o tal empréstimo do BNDES para a construção do Porto de Mariel, tão alardeado pela direita aqui como “subsídio a Cuba”, afinal, não tinha nada de anormal.
Embora o título, claro, fale em “condições vantajosas”.
Se não fossem, Cuba não tomaria o crédito, como você não compra senão quando lhe dão condições vantajosas de crédito, sem que isso queira dizer que o vendedor ou financiador esteja deixando de ganhar dinheiro na operação, mas que oferece formas viáveis para sua compra ou financiamento.
A Folha ainda tenta forçar a barra, dizendo que o prazo é longo demais – 25 anos – , embora ele seja totalmente compatível com um investimento deste tipo, um porto comercial, que vai pagar com a arrecadação dos serviços que prestar, administrado por uma empresa privada, de Singapura, não por “perigosos comunistas”
Investimentos em infraestrutura têm prazos longos, até de 30 anos.
Os juros, só um pouco mais baixos do que seriam numa operação sem garantias físicas (como as de títulos) e as condicionantes de compra de produtos brasileiros (80% do total), mas muito pouco perto do que rendem para nós, com isso.
Ainda anteontem o site Maritime News publicou uma matéria muito mais informativa sobre as vantagens do porto do que o fez qualquer jornal brasileiro. Começa assim:
 O novo terminal de containers de Mariel em Cuba vai se beneficiar das relações de descongelamento com os EUA que poderiam ajudar a perceber o potencial do país como um hub de transbordo regional, de acordo com o consultoria de transporte Drewry,  sediada no Reino Unido.”
Sem contar o mais importante: o hub que abre para empresas brasileiras com uma zona de processamento econômico, que a própria Fiesp  reconhece como importantíssima para nosso país (veja o vídeo, ao final do post).
Folha tem de se render e confessar:
“Para especialistas ouvidos pela Folha, as condições do empréstimo são “normais” para o tamanho e a complexidade da obra, mas se tornam “atípicas” para o perfil de risco da ilha, que não acessa o mercado de capitais.
A razão? “Cuba é um dos países com pior nota de risco de crédito do mundo, com Venezuela e Paquistão.”.
Qual é o risco político de Cuba?
Cair o governo socialista e assumir um regime capitalista, estes que não respeitam contratos?
Pronto, tudo está claro.
Mas, infelizmente, formou-se uma camada de imbecis, no Brasil, que não suporta ver qualquer ato do nosso país que não seja de submissão colonial aos EUA.
Até quando os norte-americanos, finalmente, suspendem o embargo e resolvem fazer negócios com Cuba.  E o porto, certamente, seria um deles, se não tivéssemos chegado antes.

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