terça-feira, 31 de maio de 2016

EMTU implanta integração tarifária com cartão Bom

AUTOR: RENATO LOBO

Foto: Léo Arcoverde/Fiquem Sabendo
A Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos – EMTU implantou a partir do último dia 28 um sistema de integração tarifária, que da desconto de até 45% no valor da passagem. Passageiros do Km 21 da Raposo Tavares, em Cotia, e dos bairros Jardim Santa Isabel e Recanto das Rosas, em Osasco, poderão usar a integração entre quatro linhas metropolitanas, por meio do Cartão BOM (Bilhete de Ônibus Metropolitano).
A tarifa passará a ser de R$ 4,90 e, podendo a chegar em uma economia de R$ 4,10 por viagem.
Linhas envolvidas:
• 181TRO Carapicuíba (Parque Santa Tereza) – São Paulo (Lapa) via Osasco (Jardim São Victor)
• 244TRO Osasco (Centro) – Cotia (Rodovia Raposo Tavares – km 21) via Osasco (Cidade de Deus)
• 244VP1 Osasco (Cidade de Deus) – Cotia (Rodovia Raposo Tavares – km 21)
• 244BI1 Osasco (Vila Yara) – Cotia (Rodovia Raposo Tavares – km 21) via Osasco (Shopping União – Poupa Tempo)
Integração das linhas 244TRO, 244VP1 e 244BI1 com 181TRO: Economia de R$ 4,10 por viagem
Para chegar em São Paulo (Lapa):
O usuário embarca na linha 244TRO, 244VP1 ou 244BI1, no sentido Osasco, paga a tarifa correspondente ao valor de R$ 4,10, desembarca em um dos pontos de conexão das linhas e embarca na linha 181TRO, no sentido São Paulo, sendo descontado o valor de R$ 0,80 do cartão BOM.
Para chegar em Cotia (Rodovia Raposo Tavares – km 21):
O usuário embarca na linha 181TRO, sentido Carapicuíba, paga a tarifa correspondente ao valor de R$ 4,90, desembarca em um dos pontos de conexão das linhas e embarca na linha 244TRO, 244VP1 ou 244BI1, no sentido Cotia, sem a necessidade de complementar tarifa.

CET instala nova ciclovia na Zona Sul e paraciclos

AUTOR: RENATO LOBO 

Foto: Fábio Arantes / Secom
Na semana passada a Companhia de Engenharia de Trafego – CET entregou 900 metros de ciclovia na Avenida Luiz Gushiken, onde a estrutura passa a ter 2 quilômetros de extensão somados aos trechos já existentes. Com a inauguração, a malha cicloviária passa a contar com 414,5 km, sendo 382,6 quilômetros de ciclovias e 31,9 km de ciclorrotas.
A avenida que recebeu a estrutura é o principal eixo viário de acesso à região de Santo Amaro pelos moradores do Jardim São Luís, do Jardim Ângela e de parte de municípios como Embu-Guaçu e Itapecerica da Serra.
Novos paraciclos
Neste mês, a CET ainda instalou novos paraciclos na Vila Mariana e no Centro. No bairro da Zona Sul, as estruturas foram colocadas nas Ruas França Pinto e Carlos Petit, além da Avenida Domingo de Moraes. Já na região central, na Avenida São João e Ruas Conselheiro Crispiniano e Barão de Itapetininga.
Os paraciclos destas regiões somam 37 equipamentos, e desde fevereiro de 2015, a prefeitura instalou 698 estruturas espalhadas pela cidade.
Foto: Fernando Pereira/SECOM

China testa “Monotrilho Maglev”

AUTOR: RENATO LOBO 

Projeto faz parte de uma série de expansões de eixos de transportes

A maior fabricante de trens da China desenvolveu o primeiro monotrilho do país movidos por motores de ímã permanente. A CRRC Qingdao Sifang, informou por meio de um comunicado que foi concluído com êxito a primeira bateria de testes.
Os motores usados permitem economia de 10 por cento no consumo de energia, assim como a redução drástica dos níveis de ruído durante a operação. “O trem vai produzir ainda menos ruído do que um carro, ao mesmo tempo pode correr a 70 km/h”, disse Zhong Yuanmu, um dos idealizadores do projeto. Ele acrescentou que o trem atende aos mais altos padrões de prevenção de incêndios.
Investimentos em transportes ferroviários
Yang Chuantang, ministro dos Transportes, disse que o governo local deve estender o comprimento total dos sistemas de trens metropolitanos da China, dos atuais 3.300 quilômetros para cerca de 6,000 km em 2020.
A cidade de Chongqing possuí a maior rede de monotrilhos em funcionamento, com 90 km de extensão, cujo a Linha 3 bateu a marca de um milhão de viagens por dia.
Na visão da CRRC Qingdao Sifang, cerca de 50 sistemas de monotrilho estão ativos em todo o mundo, e que o meio de transporte pode ser viável por consumir apenas um terço do gasto em trens subterrâneos.
No Brasil, duas linhas estão em execuções, e em suas concepções foram prometidas com a promessa de terem as construções mais rápida com um custo inferior ao do Metrô, no entanto, dificuldades na implantação das obras civis acabaram por atrasarem os projetos.
Com as informações de China.org

Novo Terminal de Ônibus em Carapicuíba é inaugurado


AUTOR: CAIO LOBO


Foto: Alexandre Moreira
O novo Terminal de Ônibus em Carapicuíba foi inaugurado nesta terça, 31, após 4 anos de atraso. 19 linhas devem atender o local, porém, neste primeiro momento apenas 14 estarão operando.
Outras cinco linhas estão operando provisoriamente do lado de fora. Nestas ligações, os ônibus ainda não possuem porta do lado esquerdo e, quando forem absorvidas, os veículos deverão manobrar para que os passageiros possam embarcar.

Alstom apresenta novo trem do Metrô de Paris

Em Janeiro de 2015 a Régie Autonome des Transports Parisiens – RATP, empresa responsável pelos transportes públicos em Paris, e a Alstom fecharam parceria para fornecimento de até 217 trens de oito carros, com valor estimado em € 2 bilhões de euros.
Nesta semana, a fabricante apresentou seu projeto do trem MP14 com pneus, sendo que 35 composições serão usados a partir de 2019 na Linha 14, para aumentar a capacidade, e substituir antigos trens de seis carros. O novo material rodante vai também cobrir uma nova extensão ao norte da linha. São esperados ainda encomendas para as linhas 4, 11 e mais trens para a 14, dentro deste lote de 217 unidades.
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Em um comunicado, a Alstom ressalta os “contornos aerodinâmicos” do projeto e a consistência visual do trem com as portas de plataforma das estações. Para o salão de passageiros, a nova composição contará com iluminação LED e ar condicionado.
Cada carro terá seis assentos para passageiros com mobilidade reduzida e dois espaços para cadeiras de rodas. Os trens devem operar de forma automática, sem a presença de condutores, e terão sistema de frenagem regenerativa totalmente elétrica, permitindo economia de 20% em gasto de energia.
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O Metrô de Paris possui 16 linhas, incluindo ramais, em 213 quilômetros de extensão.
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segunda-feira, 30 de maio de 2016

APOCALIPSE MOTORIZADO - A TIRANIA DO AUTOMÓVEL EM UM PLANETA POLUÍDO




Apocalipse Motorizado - A Tirania do Automóvel em um Planeta Poluído
APOCALIPSE MOTORIZADO - A TIRANIA DO AUTOMÓVEL EM UM PLANETA POLUÍDO
Ned Ludd (org.) 

A cada três minutos acontece um acidente envolvendo carros na cidade de São Paulo.

Vinte mil pessoas são mortas, por ano, vítimas de acidentes de trânsito no Brasil, mas números não oficiais apontam quase o dobro. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mais de um milhão de pessoas estão envolvidas direta ou indiretamente nestes acidentes!

As ruas, avenidas e viadutos avançam devastando bairros e expropriando o espaço público da comunidade pelo espaço privado do automóvel.

O petróleo polui e altera as condições climáticas das cidades cada vez mais congestionadas...Guerras são declaradas e milhões são massacrados pelo controle das fontes de combustíveis como podemos ver claramente hoje no Iraque.

Contudo, até então nenhuma reflexão contundente sobre o papel desumano dos automóveis havia obtido seu devido espaço no Brasil, nenhuma crítica radical contra essas máquinas moedoras de carne humana.

Por isso, o livro Apocalipse Motorizado - A Tirania do Automóvel em um Planeta Poluído apresenta uma coletânea inédita de textos sobre a questão do automóvel como uma imposição social, discutindo seus ´efeitos colaterais´ nefastos como poluição, dependência do petróleo, expropriação do espaço público comum e a exclusão social. Mais que uma abordagem teórica, o livro propõe ações práticas e soluções à libertação da humanidade dessa tirania.

A coletânea é ilustrada pelo cartunista americano Andy Singer, cujo livro CARtoons tornou-se referência nos movimentos anticapitalistas ao redor do mundo.

Apocalipse Motorizado não representa apenas uma análise da insustentável organização de nosso atual sistema de transportes, mas também insere sugestões de como, de maneira inteligente e criativa, se opôr à ditadura do automóvel e suas consequências desumanas. 

O pensamento ecológico radical de Ivan Illich e André Gorz, o papel do carro em nossa sociedade, a história do movimento anticarro, seu objetivo, como organizar uma ´Massa Crítica´ em sua cidade, sugestões de manifestações bem-humoradas: tudo condensado neste livro bombástico, um guia para quem não aceita ficar parado, vendo o tráfego atropelar suas vítimas.

Mais um acidente de trânsito acabou de acontecer em São Paulo.
Esse livro está esgotado, eu mesmo tentei comprar na Editora Conrad e não consegui, então comprei no sebo, mas está disponível para download em 
file:///C:/Users/MCVRocha/Downloads/Ebook%20Apocalipse%20Motorizado.pdf

Sociedade do Automóvel (Automobile Society), 2005

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11 milhões de pessoas, quase 6 milhões de automóveis; um acidente a cada 3 minutos; uma pessoa morta a cada 6 horas; 8 vítimas fatais da poluição por dia. No lugar da praça, o shopping center; no lugar da calçada, a avenida; no lugar do parque, o estacionamento; em vez de vozes, motores e buzinas.
Trabalhar para dirigir, dirigir para trabalhar: compre um carro, liberte-se do transporte público ruim. Aquilo que é público é de ninguém, ou daqueles que não podem pagar. Vidros escuros e fechados evitam o contato humano. Tédio, raiva angústia e solidão na cidade que não pode parar, mas não consegue sair do lugar.
Ano: 2005
Duração: 39′
Branca Nunes e Thiago Benicchio
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DOWNLOAD:
.: torrent (incluides subtitles / con subtitulos): [DVD -2.3GB] – [AVI – 670MB]
.: download direto / direct download: [AVI – 670MB]
[english subtitles] + [subtítulos en español]
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streaming – Português:


Quem quiser assistir o filme está no link

Clicar aqui
http://www.apocalipsemotorizado.net/sociedade-do-automovel/


Peritos dizem que ciclovia desabou porque pista não estava amarrada

Local do desabamento da ciclovia, no Rio de Janeir
Local do desabamento da ciclovia, no Rio de Janeiro
créditos: Fernando Frazão/Agência Brasil

Segundo laudo, força das ondas levantou tabuleiro provocando o desabamento

Peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) afirmaram, na manhã desta quarta-feira (4), que o que motivou a queda de parte da Ciclovia Tim Maia, há 14 dias, foi o fato de as plataformas, que funcionam como vigas de sustentação, não estarem amarradas aos pilares. Segundo o laudo preliminar da perícia do ICCE, a força das ondas, no sentido de baixo para cima, levantou o tabuleiro, provocando o desabamento, que ocasionou a morte de duas pessoas que passavam a pé no trecho. O laudo final ficará pronto na próxima sexta-feira.

Havia um estudo do impacto das ondas do mar de São Conrado sobre os pilares, mas não sobre a plataforma. Segundo a perícia, que analisou 11 volumes de documentos, o estudo avaliou o comportamento de marés até quatro metros e a uma velocidade de 65 km por hora.

"Fazer os cálculos para analisar o tipo de ancoragem para se fixar a passarela é uma etapa muita complexa. Requer muito fundamento teórico. Tem que fazer cálculos e cálculos. Não havia isso em nenhum documento", explicou um dos peritos.

Segundo o diretor do ICCE, Sérgio William Silva, os técnicos estiveram no local três vezes.

"A conclusão é de que o projeto não previu o impacto das ondas na plataforma, no sentido ascendente, de baixo para cima. Deveriam ter feito cálculo estrutural. Houve um certo subdimensionamento, um erro primário. Analisamos as memórias de cálculo e só encontramos o estudo das marés nos pilares", explicou o diretor.

O chefe do serviço de engenharia do ICCE, Liu Tsun, disse que o castelinho localizado embaixo do local da queda, construído há anos, não fez a onda dissipar:

"A onda atingiu a plataforma de maneira ascendente. O obstáculo serviu como rampa. Todos sabem que a onda faz este movimento há décadas. Poderiam ter pensado na amarração da plataforma ao pilar ou na construção de um quebra-mar. Tinha que ser prevista uma forma de bloquear a onda. Há relatos anteriores, inclusive, de que ondas quebraram janelas de imóveis em frente ao local da ciclovia."

Falta de parafusos
O laudo preliminar também traz informações sobre a quantidade e a qualidade dos materiais utilizados durante a construção da ciclovia, inaugurada em janeiro deste ano. A falta de parafusos no guarda-corpo da pista, por exemplo, foi observado no documento assinado pelos peritos. Em certo trecho, conforme o jornal O Globo divulgou, a plataforma esta presa por apenas um parafusos ao invés de quatro.

A terceirização e até a quarteirização dos serviços durante a construção da ciclovia também foram observados pelo ICCE. O consórcio Contemat-Concrejato delegou à Engemolde, empresa de pré-fabricados de concreto, o trecho da plataforma que desabou. No entanto, ela teria repassado o serviço para a Premag, de acordo com o laudo preliminar do instituto da Polícia Civil.

Agora, com o laudo, o titular da 15ª DP (Gávea), delegado José Allberto Pires Lages, deve concluir o inquérito sobre a queda de parte da Ciclovia Tim Maia, na próxima semana. Ele aguarda ainda o depoimento da mulher do engenheiro Eduardo Marinho Albuquerque, uma das vítimas da tragédia, para dar mais detalhes sobre a rotina dele.

Sequência de equívocos resultou na queda de ciclovia, diz Crea

Projeto não cogitou ação vertical das ondas na cic
Projeto não cogitou ação vertical das ondas na ciclovia
créditos: Fernando Frazão/ Agência Brasil
Laudo do Conselho de Engenharia aponta falhas no estudo do projeto, na licitação e na fiscalização da ciclovia Tim Maia, no Rio 


Do sítio http://www.mobilize.org.br/noticias/9563/sequencia-de-equivocos-resultou-na-queda-de-ciclovia-diz-crea.html

O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ) divulgou na última quarta-feira (25) os resultados do estudo realizado sobre a queda da Ciclovia Tim Maia, que deixou dois mortos no dia 21 de abril. O presidente do conselho, Reynaldo Barros, classificou o desabamento como uma “sequência incrível de equívocos por todos os órgãos envolvidos”.

"Todos falharam. Toda a cadeia de participação nesse processo falhou. Contratar uma obra desta envergadura com somente três empresas — que demostraram não ter expertise - sem um estudo prévio é um grande erro", afirmou Barros.

Segundo o relatório, os projetos básico e executivo não levaram em consideração que as ondas poderiam atingir verticalmente a estrutura da ciclovia, conforme antecipou a reportagem do jornal O Globo. 

Para Barros, a falta de estudos oceanográficos foi uma das principais causas da queda, já que a única referência de cálculo das empresas foi considerar em todos os vãos o efeito de ondas somente até a altura dos pilares, de 2,5 metros.

Além disso, o relatório criticou a falta de avaliação do projeto por um profissional independente. Segundo o representante do Crea, faltou uma opinião imparcial, como exige a norma brasileira de projetos.

"Isso é fruto de um modelo já esgotado de contratação, tanto no Rio como no Brasil. É um equívoco técnico enorme. Quem projeta não constrói, e quem constrói não fiscaliza. O modelo de contratação de obra pública precisa ser revisto em todo o país", defendeu.

Obras
Ele acredita que seja “pouco provável” que as obras sejam finalizadas até o início da Olimpíada, em agosto, conforme anunciou o prefeito Eduardo Paes ao sinalizar a reabertura da ciclovia.

"O tempo vai depender do estudo a ser realizado, do tipo de construção. Tudo é possível, mas sem um estudo preliminar, acho pouco provável que dê tempo. Está muito em cima", disse o presidente do Crea.

O relatório será encaminhado para a Câmara de Engenharia Civil do Crea, que, se julgar necessário, pode encaminhá-lo à Comissão de Ética. Nesse caso, os profissionais serão julgados com direito a ampla defesa e podem ser absolvidos ou receber punição, que vai desde advertência privada ou pública à cassação da carteira. O relatório também vai ser encaminhando para o Ministério Público Estadual e o Federal.

A Cidade e as Ciclovias: os espaços não motorizados em Liubliana - Eslovênia

27/05/2016 17:30 - Marcos Timóteo Rodrigues de Sousa e Gustavo Henrique Naves Givisiez

Do sítio da ANTP 

INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é apresentar a organização e estruturação das ciclovias na cidade de Liubliana na Eslovênia. O trabalho se estruturou a partir de uma pesquisa de campo na cidade eslovena e todo o debate apresentado se norteia em literaturas e principalmente no trabalho in loco. Muitas conclusões e análises recaem sobre a percepções do pesquisador na sua observação da cidade. Vale ressaltar que as comparações com as ciclovias brasileiras e as diferenças cultural e social entre o Brasil e a Eslovênia são relevantes nestas análises.
AS CICLOVIAS E A CIDADE MÉDIA EUROPÉIA
Liubliana é uma capital europeia com 280 mil habitantes, portanto, uma cidade média, em padrões demográficos tanto no modelo brasileiro quanto europeu. Para Lopes (2010) a cidade média seria aquela que está uma grande e uma pequena, ou seja, teria uma dimensão intermediária. Ao se pretender averiguar o tamanho seja da malha urbana, seja do contingente populacional, necessita-se fazer uma medição, uma aferição do tamanho da cidade e ou do contingente populacional. Segundo Lopes (2010), tais dados são fornecidos pelas instituições estatísticas, geralmente os estudos apontam para que as cidades pequenas possuam até 20 mil habitantes, as cidades médias até 500 mil habitantes e as grandes acima dos 500 mil habitantes. Sposito (2007) diz que não basta às cidades ter determinada área ou contingente populacional, os termos pequenos, médios ou grandes dependem de suas relações econômicas e interações em relação à sua região.
Considerando-se estes pontos, é fundamental destacar o que é particular à nossa realidade urbana, para especificar, em seguida, as características das cidades médias e, de modo singular, nosso foco de análise, que é Liubliana e o seu comparativo com as cidades brasileiras. Para ter base para compreender os fundamentos de nossa formação socioespacial (SPOSITO, 2007) é importante destacar alguns pontos. Comparativamente às cidades europeias, para tomar como referência um contraponto no mundo ocidental, as brasileiras têm duas características que são particulares e têm papel forte na lógica de estruturação de seus espaços. A primeira é relativa às históricas desigualdades socioespaciais, que marcam nossa sociedade e, portanto, nossa realidade urbana. Além disso, mesmo que tenha havido melhoria em função de melhores cenários econômicos, na última década, tornou mais cara a vida nas cidades pelas dinâmicas de valorização imobiliária que orientou um novo movimento de ampliação das desigualdades espaciais. Este processo tem forte rebatimento sobre a lógica de circulação urbana, alterando as relações entre acessibilidade e mobilidade, porque se intensificou o afastamento espacial dos mais pobres, em função dos custos progressivamente mais caros do espaço urbano.
Segundo Avelino (2007) os governos de alguns países europeus nas décadas de 1950 e 1960 consideravam as cidades de médio porte um importante instrumento territorial para atingir três objetivos:
- resolver os desequilíbrios regionais para ter uma rede urbana equilibrada, baseada na teoria das localidades centrais de Christaller;
- travar o crescimento das grandes áreas metropolitanas;
- favorecer o aparecimento de polos de desenvolvimento regional, seguindo os pressupostos das teorias de Perroux (CITACAO, DATA).
Avelino (2007) relata que nos anos 1980, na Europa, há uma nova geração de políticas regionais que ressaltam que as cidades médias devem promover um desenvolvimento sustentável em suas diversas dimensões, para que não haja problemas semelhantes aos das grandes cidades e  uma destas políticas é a de mobilidade urbana, considerando sistemas multimodais de transporte. É também, por volta desse momento, que os investimentos na infraestrutura para as bicicletas vão, progressivamente, sendo incorporada às agendas públicas, se intensificando, de forma expressiva, no início do século XXI.
Obviamente, há muitas diferenças em andar de bicicleta em cidades brasileiras e europeias. Segundo a ANTP (2015) o modo de transporte por bicicleta tem como atributo básico o tipo de veículo não motorizado de duas rodas, usado tanto para lazer como para deslocamentos de curto percurso entre casa e trabalho ou estudos. Este modo de transporte apresenta inúmeros benefícios à população, tem baixo custo de aquisição e manutenção, bem como é ambientalmente correto. Todavia, devido à sua fragilidade em face de outros modos de transporte, muitos cuidados devem ser tomados para melhoria da segurança. 
ESTUDO DE CASO: LIUBLIANA - ESLOVÊNIA
Nos dias 07 a 09 de outubro de 2015, na cidade de Liubliana, capital da Eslovênia, ocorreu a 13ª edição da Conferência Anual sobre cidades, o evento foi organizado pelo Civitas (Cleaner and Better Transport in Cities). A conferência teve como principal objetivo discutir a sustentabilidade do transporte urbano em cidades europeias. O tema da conferência foi “compartilhando a cidade”, com foco na cidade sustentável e habitável para todos. Os principais debates foram relacionados ao transporte coletivo e os transportes não motorizados. As ciclovias, as faixas exclusivas para ônibus e as ferrovias foram os focos centrais em vários debates. Um dos temas de pesquisas mais debatidos foi à ciclovia no entorno do rio Sava, roteiro que segue os meandros do rio que perpassa pelas principais capitais da antiga Iugoslávia (mapa 1). As capitais que são banhadas pelo rio Sava são: Liubliana (Eslovênia), Zagreb (Croácia) e Belgrado (Sérvia) (mapa 2). A ciclovia também percorre a Bósnia e Hezergovina, servindo a porção norte do país. Nota-se que a ideia desta ciclovia é unir quatro países, um longo roteiro pelos Balcãs, ou seja, uma mobilidade além das fronteiras do perímetro urbano.
Music (2015) cita que os planos que envolvem as ciclovias têm de ser em nível local, regional e internacional, a autora aborda em seu trabalho sobre o national long distance pilot cycling Projectno qual engloba uma rede de ciclovias entre várias cidades europeias, inclusive Liubliana. Nesta perspectiva podemos perceber as diferenças entre o Brasil e a Eslovênia, pois, na América do Sul a integração cicloviária regional e internacional é muito difícil e, outro fator importante é que os planos locais vêm sendo trabalhados desde as décadas de 60, 70 e 80, como exemplo Music (2015) cita que o primeiro plano da ciclovia na rota do Rio Sava, em Belgrado, data do ano 1977. 



A cidade de Liubliana, na Eslovênia, com 280 mil habitantes e 163,8 km², recebeu o prêmio de cidade da mobilidade sustentável europeia em 2013 e o título de cidade verde da Europa em 2015, o atual prefeito, Zoran Jankovic, nos últimos 3 anos, implementou medidas de mobilidade com ciclovias, áreas para pedestres, espaços verdes e áreas fechadas para tráfego motorizado. A foto 1 mostra uma faixa exclusiva para bicicletas no centro histórico de Liubliana, nota-se ao fundo a Igreja de São Francisco de Assis (Franciscan Church of The Annunciation), que fica na Rua (Cesta) Miklosiceva. A maioria das pessoas não utilizam os locais demarcados para as ciclovias, muitos também não utilizam capacete e outros tipos de proteção. Andar de bicicleta em Liubliana vai além das questões oficiais de transito e segurança. Em quase sua totalidade a cidade não apresenta grandes desníveis no terreno e a geomorfologia da cidade favorece a circulação de bicicletas. 


O transporte público complementar aos ônibus é o sistema de empréstimo de bicicletas, neste sistema que conta com 32 paradas espalhadas pelo centro da cidade e um estoque de mais de 300 bicicletas que podem ser alugadas por 5 euros por dia. Este sistema pode ser utilizado por todas as pessoas, mas, o principal objetivo é atrair os visitantes da cidade. O cadastro deve ser feito pelo site oficial e as assinaturas podem ser anuais ou semanais e, o usuário recebe uma senha e um cartão para retirar as bicicletas. O sistema funciona 24 horas por dia durante o ano todo (foto 2 e 3). 



Nota-se nas ruas que andar de bicicleta faz parte da cultura das pessoas, crianças, adultos e idosos utilizam a bicicleta por toda a cidade. A prefeitura de Liubliana fez nos últimos anos pesquisas relacionada ao uso da bicicleta e os hábitos dos moradores e o transporte não-motorizado. A pesquisa tem por objetivo estruturar as ciclovias e organizar a infraestrutura para o ciclismo na cidade.


Pode ser observado em diversos horários no calçadão central uma variedade de tipos de bicicletas e ciclistas que circulam nesta área da cidade. A foto 4 exibe dois ciclistas jovens que não utilizam equipamentos de seguranças, tais como capacete, luvas e joelheiras, nota-se também que as bicicletas são de modelos antigos e que não tem um design arrojado ou moderno. 


A foto 5 mostra a Avenida (cesta) Slovenska, umas das principais da cidade, observe que há uma Senhora utilizando uma bicicleta em uma ciclovia adaptada junto ao passeio de pedestres. Podemos observar e entender que os eslovenos não utilizam as ciclovias em seus circuitos específicos, neste caso haviam muitos ciclistas que circulavam na avenida e, os carros respeitavam, parando mesmo onde não haviam faixas ou semáforos. 


A ferrovia (železniška postajada) fica na zona norte da capital, na rua (ulica) Kajuhova há uma ciclovia, como podemos observar na foto 6. Podemos observar na foto que a ciclista percorre um circuito pintado junto à calçada. No dia no qual foi tirada a foto houve uma garoa, nesta época do ano a garoa é intensa, podemos observar que vários ciclistas guiavam as bicicletas segurando o guarda-chuva em uma das mãos. Em vários ambientes da cidade notamos que os ciclistas dirigiam os veículos comendo, segurando guarda-chuvas, sem equipamentos de segurança e portando bicicletas antigas ou de modelos antigos.

Marcos Timóteo Rodrigues de Sousa - Pós-Doutorado Geografia Capes/UFF
Gustavo Henrique Naves Givisiez - Professor Doutor, UFF-RJ /Campos dos Goytacazes

BIBLIOGRAFIA

ANTP, Sistema de Informação da Mobilidade Urbana: Relatório 2011. São Paulo, ANTP, 2012.
ANTP, Gestão da mobilidade urbana. São Paulo, ANTP, 2015.
AVELINO, José Luís. O papel das cidades intermediárias na promoção do desenvolvimento regional: o caso do sistema urbano local de Santarém-Almerim-Cartaxo. Lisboa, III Congresso de Geografia Portuguesa, Edições Colibri, 2007.
JUGOSLOVENSKA REVIJA. Datos sobre Jugoslavia. Belgrado, Secretaria Federal de Informaciones Belgrado, 1982.
LOPES, Diva Maria Ferlin. Cidades médias e pequenas: teorias, conceitos e estudos de caso.Salvador, SEI, 250 p. 2010.
MUSIC. Polona Andrejcic. Long distance pilot cycling Project Retece. Ljubljana, Civitas Forum, 2015.
SPOSITO, Maria Encarnação Beltrão. Cidades Médias: espaços em transição . São Paulo: Expressão Popular, 2007.

Apocalipse motorizado: livro questiona a tirania do automóvel em um planeta poluído


São Paulo, junho de 2.008 - O problema "carro" é o alvo do livro 
Apocalipse Motorizado cujo subtítulo é "A Tirania do Automóvel em um Planeta Poluído".
O novo livro é organizado pelo mesmo Ned Ludd que compilou a coletânea Urgência das Ruas, que reunia textos dos grupos Black Bloc e Reclaim the Streets, entre outros, e trata praticamente dos mesmos assuntos (cidadania, ecologia, qualidade de vida, espaço público, interesses de minorias, etc.) só que usando o automóvel como ponto de partida. Ludd é o pseudônimo do tradutor Leo Vinícius, que deu esta entrevista a Alexandre Matias, íntegra abaixo.

 
Fale um pouco sobre os movimentos anticarro que existem e existiram. Pode se falar em uma espécie de “cânone” do pensamento antiautomóvel?

Antes de mais nada, é preciso que fique claro que não existe "movimento anticarro" num sentido restrito da expressão, que seria conseqüente de uma cisma contra o automóvel e que visasse pura e unicamente aboli-lo.

O que existe são diferentes movimentos, movidos por uma série de valores, que questionam na teoria e na prática o uso de automóveis, a construção de estradas, etc., por perceberem que eles destroem o ambiente, matam pessoas em quantidade, roubam espaço público, tornam a cidade e a vida cotidiana mais e mais insuportáveis, criam e amplificam desigualdades sociais...

Por desenvolverem alguma prática que se contraponha visivelmente ao absolutismo dos automóveis e à expansão do seu uso, são muitas vezes enquadrados como “movimento anticarro”. Muitos desses movimentos são considerados também como movimentos ecologistas, anarquistas ou anticapitalistas, e com razão não ficariam muito felizes por serem rotulados como “anticarro”.

Muitas vezes, por uma simples questão de comunicação, é-se forçado a enquadrar os movimentos sociais numa lógica identitária, onde se opera sempre uma redução mais ou menos violenta de sua riqueza.

Dito isso, por vezes apontam um movimento "urbano-conservacionista" dos anos 1950 nos EUA como sendo o primeiro a contestar publicamente o urbanismo moldado em função do automóvel, assim como seu impacto estético e ecológico.

O movimento Provos, na Holanda, dos anos 60, também não pode deixar de ser citado - confira o excelente livro sobre ele da coleção Baderna. Provos foi um movimento de forte influência anarquista, precursores de muitas “bandeiras” e características de movimentos posteriores, que contestou o automóvel de forma ácida e inteligente. Podem ser considerados pioneiros no que diz respeito a isso.

Não por acaso a “bicicleta branca” virou uma espécie de símbolo do Provos. Bicicletas essas que eles pintavam e espalhavam pela cidade para uso público. O que era um plano de loucos nos anos 60 virou política pública três décadas depois em algumas cidades européias, como Rochelle na França, Aveiro em Portugal e mais recentemente em Helsinque (Finlândia), onde foram postas bicicletas para uso público e gratuito em vários pontos da cidade.

Deve-se destacar as várias associações de usuários de bicicleta que surgiram a partir dos anos 70 na América do Norte - mas não somente lá -, que promoveram também um questionamento da "cultura do automóvel". Nos anos 90 a Inglaterra foi palco de um vigoroso movimento de ação direta contra a construção de estradas e pela retomada das ruas - privatizadas pelo automóvel. Dois dos artigos contidos no Apocalipse Motorizado são parte dessa cena inglesa.

Não sei se é possível falar em pensamento antiautomóvel, quanto mais em "cânone" de tal pensamento. Existe o pensamento que se levanta contra problemas da vida cotidiana e da sobrevivência, relacionando-os à totalidade de relações sociais, de técnicas e tecnologias.

Ele é sempre um pensamento de crítica social, antes de ser um pensamento "antiautomóvel". Se ele contesta e se insurge contra alguma tecnologia é porque as tecnologias não são neutras, nelas há valores e significações intrínsecas, e que portanto jogam a favor ou contra determinados valores ou racionalidades.

É por isso que, para mim, hoje, os principais "movimentos anticarro", se assim se pode dizer, estão no chamado Terceiro Mundo. São movimentos de povos originários, por exemplo. Nesse sentido os zapatistas são proeminentes - não canônicos.

E não apenas por terem rejeitado e ridicularizado a "oferta" de "fusca, televisão e mercearia" com a qual o presidente mexicano Vicente Fox sugeria resolver o problema indígena, mas principalmente pelas significações de tempo, de terra, entre outras, – que formam a cultura que eles lutam por manter – serem por si só antagônicas às significações intrínsecas ao automóvel, aos valores que andam com ele e com sua difusão.

 
Quando este tipo de questionamento começa a surgir na sociedade? Há algum marco zero da luta contra, não apenas a industria automobilistica ou do petróleo, carro?

No meu entender, e até onde vai meu conhecimento, não há um fato que possa ser considerado um marco zero de contestação ao automóvel. Pode-se dizer que a contestação ocorre mais ou menos na própria medida que sua difusão cria situações contra as quais parte da sociedade se insurge. Infelizmente não houve uma previsão, com penetração social, das conseqüências sociais e ambientais decorrentes do uso e difusão do automóvel como, por exemplo, existe hoje em relação aos transgênicos.

 
Você acredita no iminente colapso deste sistema ou acredita que, pouco a pouco, as pessoas podem conscientizar-se do problema antes da "rede travar"?

Devemos nos perguntar se o que você chama de rede - a circulação de veículos motorizados - já não está travada. Se se considera que o trânsito de automóveis em São Paulo não está travado, a partir de que ponto pode-se considerá-lo travado?

De qualquer modo, a questão não é evitar a "rede travar" ou destravá-la. Ora, isso já é o que historicamente os governos têm feito, construindo mais vias e infraestruturas para os automóveis, ampliando assim os problemas gerados pelo automóvel para que por um período de tempo a rede não trave ou não fique travada.

De minha parte, dentro da própria tônica do livro, melhor seria se o trânsito de automóveis travasse de vez e permanecesse assim. Com os carros parados o pedestre pode atravessar as pistas mais seguramente, a qualquer momento e lugar - tendo cuidado ainda com as motos.

Quem sabe as crianças poderiam voltar a brincar nas ruas, fazendo um esconde-esconde entre os carros. Parados os carros já são um incômodo, mas certamente são piores se movendo. E à baixa velocidade são menos assassinos. E em geral o ciclista anda com mais segurança quando o trânsito de automóveis está engarrafado. Ivan Illich, no artigo Energia e Eqüidade, demonstra como a existência de veículos que circulam acima de 25 km/h faz com que o tempo social dedicado à circulação aumente - entre outros efeitos socialmente nocivos -, ao contrário do que supõe o senso comum e a cabeça de governantes e engenheiros. Enfim, o problema de circulação de pessoas não consiste no trânsito de automóveis travar, mas no próprio carro.

 
Como a pessoa comum pode contribuir para o fim deste sistema?

Claro que uma resposta como "ande menos ou não ande de carro" parece ser a melhor contribuição, mas você tem de considerar os vícios criados pelo sistema - desde o comodismo do automóvel ao sucateamento do transporte público e passando pelo conforto individual e o glamour da velocidade.

Talvez não seja enquanto pessoa comum, se isso significar o indivíduo isolado que forma a multidão que habita as cidades, que alguém contribuirá para alguma mudança. Só coletivamente se consegue alguma coisa. Toda a história das conquistas e transformações sociais demonstra isso. Além do mais deve-se evitar extrapolar a "pessoa comum" de classe média para toda sociedade. Nas favelas e em muitos bairros de periferia a "pessoa comum" não tem carro, essas estão sempre na posição do atropelado, e nunca na de atropelador, por exemplo. E o que elas fariam coletivamente nesse sentido talvez fosse substancialmente diferente.

Como André Gorz ressalta, o absolutismo do automóvel é especialmente cruel porque ele transformou o próprio automóvel em uma necessidade, uma vez que o espaço urbano é moldado por ele e projetado para ele. Como fica claro ao ler o Apocalipse Motorizado, não se pode tratar as questões de urbanismo, da vida cotidiana, ecológicas, tecnológicas e econômicas separadamente.

Existe uma frase de Mr. Social Control que talvez resuma bem o espírito e uma conclusão geral do livro: "não há nada de revolucionário em relação a algo tão racional como a abolição do carro, embora possa ter que haver uma revolução para liquidar os interesses multinacionalmente investidos que impedem que tal racionalidade seja alcançada". E não é preciso ter carteirinha de subversivo para se convencer disso.

 
Fale do movimento anticarro no Brasil - das dificuldades - como a ausência de malha ferroviaria - às iniciativas.


Como expliquei anteriormente, "movimento anticarro" é um rótulo complicado. Não sei se ele existe no Brasil, e, em certo sentido, não sei se é desejável que exista. Certamente o que é desejável é que movimentos sociais que visam uma transformação social radical incorporem a crítica a tecnologias e ao automóvel, e que movimentos que surgiram e que surjam como conseqüência de problemas pontuais diretamente ligados ao automóvel incorporem por sua vez uma crítica social global, por perceberem que só uma transformação mais ampla pode pôr fim a esses problemas. Bem, de qualquer forma, existem algumas associações de ciclousuários, além das Bicicletadas que ocorrem em algumas cidades brasileiras que questionam de alguma forma a “cultura do automóvel”. Em São Paulo as bicicletadas ocorrem no último sábado de cada mês, saindo às 10:00h da esquina da Consolação com a Paulista. Elas também ocorrem em Floirianópolis - agora na última sexta-feira de cada mês -, Porto Alegre, Rio de Janeiro entre outras cidades. Para saber como é e o que é exatamente a bicicletada acesse o site www.bicicletada.org .

 
Por que usar o pseudônimo Ned Ludd?

Para responder a essa pergunta preciso explicar primeiramente quem foi Ned Ludd, ou melhor, quem não foi Ned Ludd. Ele foi um não-líder, um não-general e uma não-persona. Ele não existiu como pessoa, ao menos não se tem nenhuma evidência de que tenha existido como tal. Ned Ludd foi muito provavelmente um múltiplo, tataravô de Luther Blissett. O movimento que o criou como personagem mítico, ponto de consciência coletivo, acabou ficando conhecido com referência a seu nome: os ludditas. Ned Ludd não significa um indivíduo, mas muitos, que formam uma coletividade.

Um livro, como de alguma forma tudo, é uma obra coletiva. Várias pessoas trabalharam diretamente nele - além daquelas que assinam os textos. Foi um trabalho coletivo, no qual outras pessoas participaram ativamente com sugestões de conteúdo, do título e na seleção dos geniais cartoons de Andy Singer que ilustram o livro, por exemplo.

Outro motivo é resgatar e difundir a história do movimento luddita. Usar o nome Ned Ludd serve como isca para tanto. Para ser minimamente conseqüente com o que digo, escrevo, acredito e desejo, nada mais natural do que tentar trocar a curiosidade que possa surgir pela minha vida pessoal pela curiosidade pela história social e dos movimentos revolucionários. O movimento luddita foi um movimento de massa de trabalhadores que surgiu na Inglaterra durante a Revolução Industrial. Só foi derrotado por um contingente militar maior que o enviado para lutar contra as tropas de Napoleão. Ficaram conhecidos historicamente por uma dentre outras ações que praticavam: quebrar e incendiar fábricas e suas maquinarias. Percebiam eles que as técnicas e tecnologias não eram neutras, encarnavam valores e processos que estavam os destituindo de seu modo de vida e sua autonomia. Para os lucros dos burgueses a fábrica era um progresso, mas certamente não para os trabalhadores que perdiam assim sua autonomia.

 Fonte: Alexandre Matias, da Folha de São Paulo.

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